Como se Preparar (de Verdade) Para uma Audiência de Conciliação no Direito de Família
- Christofer Castro
- 11 de abr.
- 5 min de leitura

Você já passou por isso?
Um casamento que termina.
Um relacionamento que desmorona.
E, no meio disso tudo, filhos, contas, lembranças e ressentimentos.
Quando a dor vira processo — e o processo vira esperança — começa um dos momentos mais delicados do Direito de Família: a audiência de conciliação ou mediação.
Pois bem, esse é um momento decisivo. E mais do que isso: pode ser o ponto de virada na sua vida.
Quando o processo começa, o que está em jogo não é só um papel
Quem passa por um conflito familiar sabe: não existe separação sem ferida, nem disputa por guarda de filhos sem angústia.
Quando uma união se desfaz — seja casamento, união estável ou namoro com filhos — o que se quebra não é só o amor.
Quebram-se planos, rotinas, a segurança emocional.
E aí vem o processo judicial.
Com ele, a audiência de conciliação ou mediação, marcada para tentar um acordo antes que tudo se transforme num litígio.
O que é, na prática, uma audiência de conciliação ou mediação?
Desde o Novo Código de Processo Civil de 2015, essa audiência é obrigatória em ações de família (mediação), salvo raras exceções.
Ela ocorre antes do juiz decidir o caso, como uma chance real de resolver conflitos familiares sem precisar de participação direta do juiz.
Nela, você e a outra parte se encontram — geralmente pela primeira vez depois da separação.
Um terceiro imparcial (conciliador ou mediador) conduz a conversa.
O objetivo?
Tentar um acordo. Sem juiz togado. Só diálogo e possibilidade de solução.
Mediação x Conciliação: entenda a diferença
É fácil confundir. Mas vale entender o que esperar:
Mediação (Direito de Família) | Conciliação |
Estimula o diálogo para que as partes proponham soluções | Interfere de forma mais direta, podendo sugerir soluções |
Construir um acordo que reflita os interesses de ambas as partes | Buscar uma solução imediata e prática |
Manutenção de um vínculo entre as partes | Casos mais focais, como dívidas |
Independentemente do tipo, tudo depende da postura das partes. E isso muda tudo.
Por que essa audiência é um divisor de águas?
Porque ela pode evitar anos de disputa judicial, com desgaste emocional, financeiro e psicológico.
Porque ela dá voz a você, algo que a sentença, por mais justa que seja, muitas vezes não oferece.
Porque ela preserva relações, especialmente se houver guarda compartilhada, visitas, pensão alimentícia ou divisão de bens em jogo.
Porque ela mostra ao juiz quem está disposto ao diálogo — e quem não está.
O que te impede de chegar preparado?
Muita gente cai em três armadilhas:
A do passado não resolvido: transforma a audiência em tribunal de mágoas.
A da expectativa mágica: acha que o juiz ou mediador “vai ver quem está certo”.
A da passividade: não entende o processo, não conversa com o advogado, só espera.
E se eu te disser que essas posturas sabotam suas chances de um bom acordo?
Como se preparar (de verdade) para audiência de mediação familiar
1. Converse com seu advogado — de verdade
Seu advogado é mais que representante.
Ele é seu estrategista jurídico e emocional.
Antes da audiência, alinhem:
Seus objetivos reais (emocionais e práticos).
O que você está disposto a negociar.
O que você jamais abriria mão.
Três propostas: a ideal, a intermediária e a mínima aceitável.
2. Prepare-se emocionalmente
Essa não é uma sessão de terapia. Mas pode ser o começo da cura.
Respire. Foque no que vem depois, não no que ficou para trás.
Não caia em provocações. Não revide.
Se o outro atacar, diga: "Prefiro focar em uma solução prática."
3. Conheça sua BATNA
BATNA é a melhor alternativa ao acordo ("Best Alternative to a Negotiated Agreement"). Pergunte-se:
Se não houver acordo, o que me resta?
Quanto tempo vai levar? Quanto vai custar?
Quais os riscos de um processo litigioso?
Quem sabe o que perde (e o que ganha) negociando, toma melhores decisões.
O que fazer (e não fazer) na audiência de conciliação
A Fazer | A Evitar |
Chegue com antecedência | Não chegue atrasado ou tenso |
Fale com calma | Não grite, nem provoque |
Olhe para o mediador | Não encare o ex-cônjuge |
Escute de verdade | Não espere só para rebater |
Faça pausas com o advogado | Não decida nada por impulso |
Proponha e pergunte | Não exija nem ameace |
Leia a ata com calma | Nunca assine sem entender |
E depois da audiência?
Se houve acordo:
Leia a ata com atenção.
Cumpra sua parte. Acordo descumprido gera execução judicial.
Se não houve acordo:
O processo segue.
Ainda haverá outras chances de acordo, inclusive em juízo.
Sou obrigado a aceitar um acordo?
Não.
A mediação ou conciliação serve para tentar um entendimento, mas nenhum dos lados é obrigado a aceitar propostas com as quais não concorda.
Você tem o direito de dizer “não” se sentir que o acordo não é justo ou não atende ao melhor interesse dos filhos, por exemplo.
Mas atenção: recusar por mágoa, orgulho ou desejo de vingança pode prejudicar você e sua família no longo prazo.
Avalie com racionalidade e escute a orientação do seu advogado.
E se não tiver acordo?
Se não houver acordo, o processo continua normalmente.
O juiz vai seguir com a análise do caso, ouvindo as partes, produzindo provas (como estudo psicossocial, por exemplo) e, ao final, proferirá uma sentença. Isso pode levar meses — ou até anos.
Além do tempo, o desgaste emocional e financeiro costuma ser maior.
Mesmo assim, ainda podem surgir novas oportunidades de acordo ao longo do processo.
Por isso, manter o diálogo aberto é sempre estratégico.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Posso faltar à audiência? Não sem justificativa. Pode gerar multa e prejudicar seu processo.
2. Preciso de advogado? Sim. Ele é quem protege seus direitos e articula sua estratégia.
3. Posso desabafar tudo? Não é o melhor momento. Foque no que é necessário. Emoções devem ser tratadas fora do processo.
4. O que digo pode ser usado contra mim? Em regra, não. Há sigilo. Mas mantenha a prudência.
5. Vale a pena fazer acordo mesmo cedendo? Na maioria dos casos, sim. Principalmente se houver filhos.
Conclusão: audiência não é um fim — é um recomeço
Conciliar não é se humilhar.
Não é perder.
É escolher ter voz, ter controle, sair do conflito com menos danos e mais autonomia.
Agora imagine deixar o juiz decidir tudo.
Pode levar anos.
Pode vir uma sentença dura, que não contempla suas reais necessidades.
Pode custar mais caro — e não só em dinheiro.
Mas e se você usar a audiência como ponto de virada?
Com preparação, escuta e coragem, você pode sair de lá com um acordo.
Talvez não com tudo que queria, mas com tudo que precisa para recomeçar. ---
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