POR QUE A DEMORA NO PROCESSO? Entenda as Fases do Processo do Divórcio Litigioso
- Christofer Castro
- 18 de abr.
- 7 min de leitura

Você entrou com pedido de divórcio, mas tudo está se arrastando há meses... ou até anos?
Essa história é mais comum do que parece.
Quem vive um divórcio litigioso — aquele em que não há acordo entre o casal — sabe o quanto o processo pode ser lento, cansativo e emocionalmente desgastante.
Pois bem, e se eu te disser que essa demora tem explicação?
O divórcio litigioso é um processo judicial completo, dividido em várias fases obrigatórias.
Cada uma delas existe por um motivo: proteger os direitos de ambas as partes e, principalmente, dos filhos menores, se houver.
Neste artigo, você vai entender, passo a passo:
Quais são as fases do divórcio litigioso;
O que acontece em cada etapa;
Por que o processo pode demorar tanto;
Quais fatores influenciam na duração;
E claro, o que fazer para enfrentar essa jornada com mais preparo;
Vamos nessa?
Antes de Tudo: O Que é um Divórcio Litigioso?
O divórcio litigioso ocorre quando não há consenso entre o casal sobre o fim do casamento ou sobre os termos da separação — como a guarda dos filhos, pensão alimentícia ou divisão de bens.
Quando isso acontece, uma das partes (ou ambas) precisa entrar com uma ação judicial de divórcio, para que seja o juiz a decidir.
Exemplo Fictício Para Ilustrar
Letícia e Roberto foram casados por 15 anos. Quando decidiram se separar, Letícia queria a guarda dos filhos e metade dos bens. Roberto não concordava com a partilha e se recusava a pagar pensão. Resultado? Letícia procurou um advogado e entrou com um processo de divórcio litigioso. Foram quase três anos até a sentença sair. Nesse período, houve perícia psicossocial, audiências, provas documentais, oitiva de testemunhas e muita angústia. No final, o juiz decretou o divórcio, determinou guarda compartilhada, pensão alimentícia de 30% dos rendimentos de Roberto e divisão igualitária dos bens adquiridos durante o casamento.
As Fases do Processo de Divórcio Litigioso
Cada etapa do processo tem uma função essencial. Veja no quadro abaixo:
Fase | O que acontece? |
Petição Inicial | O advogado da parte interessada apresenta o pedido de divórcio ao juiz. |
Despacho Inicial do Juiz | O juiz analisa o pedido e, se houver filhos menores, envia ao Ministério Público. |
Decisão Liminar e Audiência | O juiz pode decidir sobre guarda e pensão provisórias. Marca-se audiência de conciliação. |
Contestação do Réu | A outra parte apresenta sua defesa no prazo legal de 15 dias. |
Réplica do Autor | O autor pode rebater os argumentos e documentos apresentados pelo réu. |
Saneamento do Processo | O juiz organiza o processo, define os pontos em disputa e quais provas serão produzidas. |
Produção de Provas | Podem ser provas documentais, testemunhais, perícias técnicas ou psicossociais. |
Audiência de Instrução | As partes e testemunhas são ouvidas. Nova tentativa de conciliação pode ocorrer. |
Alegações Finais | As partes resumem seus argumentos e provas, por escrito ou oralmente. |
Sentença | O juiz decide sobre o divórcio, guarda, pensão e partilha de bens. |
Recurso de Apelação | Quem não concordar com a sentença pode recorrer ao Tribunal de Justiça. |
Quanto Tempo Pode Durar?
Comparativo de Tipos de Divórcio
Tipo de Divórcio | Tempo Médio | Quando é possível? |
Extrajudicial (em cartório) | Cerca de 5 dias úteis | Quando não há filhos menores/incapazes, nem gravidez, e tudo está acordado. |
Judicial Consensual | Em média 6 meses | Quando há filhos menores, mas as partes estão de acordo. |
Judicial Litigioso | Em média 2 anos ou mais | Quando não há acordo entre as partes. Pode durar muito mais, dependendo do caso. |
O Que Pode Aumentar Ainda Mais o Tempo?
Diversos fatores influenciam diretamente na duração do processo litigioso:
Localidade do processo: Comarcas com grande volume de processos e poucos servidores costumam ser mais lentas.
Endereço do réu: Se o réu mora em outro estado, os atos processuais demoram mais.
Grau de litígio: Quanto mais pontos em disputa (guarda, pensão, bens), mais complexa será a análise.
Atuação dos advogados: Atrasos nas manifestações de representantes pode atrasar a tramitação.
Pedidos de provas: Perícias, especialmente psicossociais, costumam demandar tempo e estrutura do Judiciário.
E no Meio do Caminho... Podem Surgir Novas "Paradas": Recursos Intermediários
Nem todo recurso acontece apenas no final, após a sentença.
Durante o processo de divórcio litigioso, também podem surgir situações que exigem uma resposta imediata ou correção de alguma decisão do juiz.
E é aí que entram dois recursos importantes: os embargos de declaração e o agravo de instrumento.
📎 Embargos de Declaração – Quando o Juiz Esquece ou Não Explica
Esse recurso é usado quando a decisão do juiz (seja uma sentença ou despacho) tem algum erro, omissão, contradição ou falta de clareza.
Exemplo Fictício:
O juiz decide sobre a guarda dos filhos, mas não menciona o regime de visitas. A parte interessada entra com embargos de declaração, pedindo que o juiz esclareça ou complemente a decisão.
📌 Importante: Embargos de declaração não servem para mudar a decisão, mas sim para corrigir ou esclarecer pontos da própria decisão.
E eles interrompem o prazo de outros recursos, o que pode atrasar o andamento do processo.
🚨 Agravo de Instrumento – Quando a Decisão Precisa Ser Contestada na Hora
Já o agravo de instrumento é utilizado para recorrer de decisões tomadas durante o processo, chamadas de decisões interlocutórias.
Ele é usado quando uma dessas decisões causa prejuízo imediato à parte, e ela precisa que o Tribunal revise aquela decisão antes da sentença final.
Exemplo Fictício:
Fernanda pediu que o juiz bloqueasse as contas do ex-marido, que estaria vendendo bens do casal. O juiz negou esse pedido. O advogado dela entrou com um agravo de instrumento, solicitando que o Tribunal revisasse essa negativa imediatamente.
📌 Esse tipo de recurso sobe direto para o Tribunal, mesmo antes da sentença final.
E, claro, também impacta no tempo do processo, porque a tramitação fica suspensa ou paralela até a decisão do Tribunal.
📊 10 Exemplos de Agravo de Instrumento no Divórcio
Situação | Motivo do Agravo de Instrumento |
1. Juiz nega pedido de pensão alimentícia provisória | Parte recorre para garantir sustento antes da sentença |
2. Juiz concede guarda provisória ao outro cônjuge | Parte busca reverter a decisão antes da perícia ou audiência |
3. Juiz indefere produção de prova pericial (psicossocial, por exemplo) | Parte entende que a prova é essencial para avaliar guarda ou comportamento |
4. Juiz nega pedido de bloqueio de contas ou bens do outro cônjuge | Parte teme a dilapidação do patrimônio antes da partilha |
5. Juiz determina visitação em horários que atrapalham a rotina da criança | Parte busca alterar imediatamente os termos do regime de visitas |
6. Juiz rejeita pedido de sigilo processual em caso de violência ou exposição | Parte quer proteger a privacidade e segurança da família |
7. Juiz determina pagamento de pensão acima da capacidade financeira | Parte quer que o Tribunal revise o valor fixado |
8. Juiz impede o depoimento de testemunhas relevantes | Parte entende que o depoimento é essencial à sua defesa |
9. Juiz indefere pedido de alienação parental sem justificar | Parte quer que o Tribunal analise a gravidade da denúncia |
10. Juiz nega o adiamento da audiência por motivo relevante (ex: internação) | Parte quer garantir direito à ampla defesa e participação adequada no processo |
Estes recursos podem acontecer LOGO NO INÍCIO DA AÇÃO!!!!
🧭 Fluxograma das Fases do Divórcio Litigioso
1. Petição Inicial
⇩
2. Despacho do Juiz
⇩
3. Envio ao Ministério Público (se houver filhos menores)
⇩
4. Decisão Liminar (pensão e guarda provisórias)
⇩
5. Audiência de Conciliação
⇩
6. Contestação do Réu (prazo: 15 dias)
⇩
7. Réplica do Autor
⇩
8. Saneamento do Processo (organização, definição das provas)
⇩
9. Produção de Provas (documentos, perícias, testemunhas)
⇩
10. Audiência de Instrução e Julgamento (depoimentos e nova tentativa de acordo)
⇩
11. Alegações Finais ou Memoriais
⇩
12. Sentença do Juiz
⇩
13. Recurso de Apelação (se for o caso)
Por Que Esses Recursos Afetam a Duração do Processo?
Porque toda vez que o processo “sobe” para o Tribunal, mesmo que por um motivo pontual, ele precisa aguardar uma nova decisão.
E sabemos: o Judiciário não é rápido.
Então, quanto mais conflitos e decisões intermediárias surgirem, maior a chance de surgirem embargos, agravos, e até mais de um ao longo do caminho.
Conclusão: O Preço da Justiça e o Cuidado com o Tempo
O divórcio litigioso é uma jornada difícil.
Exige paciência, preparo emocional e, acima de tudo, conhecimento dos seus direitos e deveres.
Cada fase do processo existe para garantir que nenhuma decisão seja tomada às pressas ou de forma injusta.
O problema é que, muitas vezes, essa proteção vem acompanhada de desgaste e demora.
Se você está vivendo essa situação, saiba que não está sozinho. E, por mais longo que seja o caminho, há luz no fim do túnel.
A sentença chega.
A liberdade também.
Mas atenção: deixar o processo parado ou mal acompanhado pode custar anos da sua vida.
Perguntas Frequentes sobre Divórcio Litigioso (FAQ)
1. O que é um divórcio litigioso? É o processo judicial que acontece quando o casal não entra em acordo sobre o divórcio ou seus termos (como pensão, guarda, partilha de bens).
2. Preciso de advogado para entrar com divórcio litigioso? Sim. A presença de um advogado é obrigatória em todo o processo judicial.
3. O que acontece se a outra parte não aceitar o divórcio? O divórcio é um direito. Ainda que a outra parte não queira, o juiz pode decretá-lo após o trâmite legal.
4. Quanto tempo demora um divórcio litigioso? Em média, dois anos. Mas pode demorar mais, dependendo da complexidade do caso.
5. Dá para transformar o processo litigioso em consensual no meio do caminho?
Sim. A qualquer momento, se houver acordo entre as partes, o processo pode se tornar consensual, agilizando a finalização.
6. O que é o saneamento do processo? É a fase em que o juiz organiza os pontos em disputa, define quais provas serão produzidas e prepara o processo para a audiência de instrução.
7. E se eu não concordar com a sentença? É possível recorrer por meio de um recurso chamado apelação, que será julgado por um tribunal.
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