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Guarda Unilateral: Quando um dos pais assume legalmente a responsabilidade principal pelos filhos

  • Foto do escritor: Christofer Castro
    Christofer Castro
  • 28 de mar.
  • 4 min de leitura


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No Brasil, a guarda compartilhada é a regra.


Isso porque ela preserva a tomada de decisão e cuidados equilibrados entre pai, mãe e filhos, mesmo após a separação.


Mas há situações em que essa tomada de decisão e cuidados não é possível — e nesses casos, pode ser fixada a guarda unilateral.


Se você quer entender como funciona a guarda unilateral, quem pode pedi-la, quais são os limites legais de quem a detém e como ela se relaciona com a convivência e a pensão alimentícia, este artigo foi feito para você.


O que é Guarda Unilateral?


A guarda unilateral é uma modalidade de guarda em que apenas um dos genitores fica responsável por tomar as decisões do dia a dia da criança ou adolescente — como escola, médico, rotina, alimentação e regras de convivência no lar.


⚠️ Atenção: isso não significa que o outro genitor perde seus direitos.


A guarda trata da gestão da vida da criança.


Já a convivência é outro instituto jurídico, regulado separadamente.


Quando a Guarda Unilateral é aplicada?


A guarda unilateral só é concedida quando a guarda compartilhada não é viável — e isso precisa ser provado no processo. Exemplos de situações:


  • Impossibilidade de diálogo entre os pais

  • Um dos pais abre mão da guarda

  • Alta litigiosidade, brigas constantes

  • Um dos genitores tem problemas graves (como dependência química)

  • Situações de violência doméstica (Lei nº 14.713/2023)

  • Alienação parental comprovada

  • Um dos pais tem melhores condições para exercer a guarda, com base no melhor interesse da criança


Responsabilidades de quem detém a guarda unilateral


O genitor guardião deve:

  • Decidir sozinho sobre escola, saúde, rotina, lazer e demais aspectos da vida cotidiana

  • Manter o outro informado sobre assuntos relevantes (art. 1.584, §6º, CC)

  • Não pode mudar de cidade sem autorização do outro genitor ou do juiz (art. 1.634, V, CC)

  • Não pode impedir a convivência com o outro genitor sem autorização judicial


A guarda unilateral não confere "poder absoluto".


Ela exige responsabilidade, transparência e respeito à convivência familiar.


Direitos de quem não tem a guarda


O genitor que não detém a guarda unilateral tem:


  • Direito à convivência regular, fixada por acordo ou decisão judicial

  • Dever de pagar pensão alimentícia, conforme sua renda e as necessidades da criança

  • Direito de supervisionar os interesses dos filhos, podendo pedir informações sobre saúde, educação e lazer (art. 1.589 do CC)


➡️ A guarda unilateral não retira o papel parental do outro genitor.


Guarda ≠ Convivência: entenda a diferença


Muita gente confunde os dois institutos. Para deixar claro:

Aspecto

Guarda

Convivência

O que é

Responsabilidade legal sobre decisões da vida da criança

Presença física e emocional na vida da criança

Quem decide

Juiz, com base no melhor interesse da criança

Juiz ou acordo entre os pais

Pode ser unilateral?

Sim

Não. A convivência deve ser garantida a ambos os genitores

Pode ser impedida pelo outro?

Não. O genitor com guarda não pode impedir a convivência sem decisão judicial

Não. O genitor tem direito à convivência, mesmo sem a guarda

Pode ser compartilhada?

Sim. É a regra no Brasil

Não se aplica. A convivência é um direito individual de cada genitor

Guarda Unilateral e Pensão Alimentícia: o que muda?


Nada muda.


O genitor que não detém a guarda continua obrigado a pagar pensão.


A responsabilidade de sustento é dos dois, independentemente da modalidade de guarda.


➡️ Ter a guarda unilateral não isenta o outro genitor de pagar alimentos.

➡️ Também não dá direito de cortar a convivência como forma de punição.


Como pedir a guarda unilateral?


É necessário entrar com uma ação judicial, apresentando provas de que:


  • A guarda compartilhada é inviável

  • Você já cuida do filho sozinho na prática

  • O outro genitor se ausenta, é agressivo, negligente ou representa risco


Provas úteis:


  • Declarações de escola e médicos

  • Testemunhos de terceiros

  • Mensagens que demonstrem agressões, ameaças ou desinteresse

  • Documentos que provem que você toma as decisões sozinho


Comparativo: Guarda Unilateral x Guarda Compartilhada

Aspecto

Guarda Unilateral

Guarda Compartilhada

Responsável pelas decisões

Um dos pais

Ambos os pais

Residência do filho

Fixa com o guardião

Fixa com um dos pais, mas decisões compartilhadas

Diálogo entre os pais

Pode ser inexistente

É essencial

Participação nas decisões

Isolada, com dever de informar o outro

Conjunta

Pensão alimentícia

Obrigatória para o outro genitor

Pode haver, conforme divisão de tempo e possibilidades

Direito de convivência

Garantido ao genitor não guardião

Garantido a ambos, com base no melhor interesse do filho

Conclusão: guarda unilateral é exceção, mas pode ser essencial


A guarda unilateral só deve ser fixada quando há risco, conflito grave ou ausência de diálogo.


Mas ela não transforma o guardião em “dono” do filho, nem afasta o outro genitor do convívio. O foco deve estar sempre no melhor interesse da criança.


A decisão precisa ser judicial, com provas consistentes e orientação de um profissional especializado.


FAQ – Perguntas Frequentes sobre Guarda Unilateral


  1. Quem tem a guarda unilateral pode mudar de cidade com a criança? Não. Precisa de autorização do outro genitor ou do juiz, conforme o art. 1.634, V, do Código Civil.

  2. Quem tem a guarda unilateral pode impedir visitas? Não. A convivência é um direito do outro genitor e só pode ser restringida por ordem judicial.

  3. A guarda unilateral elimina a pensão alimentícia? De forma alguma. O genitor que não tem a guarda continua com a obrigação de contribuir para o sustento da criança.

  4. Como o juiz decide se a guarda deve ser unilateral? Com base nas provas do processo e sempre levando em conta o melhor interesse da criança.

  5. É possível reverter a guarda unilateral para compartilhada? Sim. Se houver mudança nas circunstâncias e melhora no diálogo entre os pais, a guarda pode ser revista judicialmente.

 
 
 

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